terça-feira, 3 de junho de 2008

Chororô de perdedor

Todo mundo sabe, eu sou ALVIRRUBRA. E tenho muito orgulho disso. É uma paixão desde pequena, alimentada por meu pai. Era ele quem me levava para "o balanço do Náutico" e para a "piscina do Náutico". Tenho lembranças tão fortes e tão boas dessa época. Do Náutico eu posso falar de carteirinha e de bastidores.

Como jornalista, trabalhei durante algum tempo como repórter nos Aflitos. Nessa época aprendi a separar a torcedora da profissional. É impressionante como a primeira desapareceu naquele tempo. Conseguia até torcer pelo Sport, porque sabia que o sucesso dele era abertura do mercado de trabalho, sucesso pra todos os envolvidos. E eu era bem tratada por todos, era amiga de todos. Às vezes até psicóloga. Conquistei a confiança de dirigentes, jogadores, comissão técnica e até mesmo dos torcedores. Consegui grandes e memoráveis "furos".

Mas, o tempo passou e o dinheiro não pintou. Vi que era a hora de sair de campo e desvincular minha imagem de jornalista esportiva. E consegui. Hoje alguns colegas se espantam quando sabem que eu entendo alguma coisa de futebol. Tenho saudades daqueles tempos, mas só voltaria a trabalhar com esportes se tivesse o mínimo de estrutura.

Ontem estava no Estádio dos Aflitos, que diga-se de passagem é meu vizinho. Vi in loco tudo o que aconteceu na partida entre Náutico e Botafogo. Mais, vi também a gravação da transmissão da TV durante toda a confusão, vi reportagens, li os jornais, li as notícias da internet. Acreditem, quando estamos errados eu sou a primeira pessoa a admitir e condenar.

Mas ontem toda a confusão que aconteceu teve um só culpado: o destemperado jogador do Botafogo André Luiz. Durante todo o jogo ele xingou, deu pontapés, reclamou. Tanto que já tinha um cartão amarelo. E mereceu mesmo ser expulso. Quem se deu ao trabalho de ler as regras do futebol sabe que a recomendação para o árbitro é colocar pra fora o jogador que der o carrinho, isso independente de acertar ou não o outro atleta. Por isso nem vou entrar no mérito se ele acertou ou não o lateral alvirrubro Ruy.

O fato é que depois da expulsão o camarada continuou a arrumar confusão. Será que ele, suponho, atleta profissional, não saiba que teria que ir para os vestiários e não para o banco de reservas? Será que chutar violentamente uma garrafa cheia de água em direção a um monte de gente não é atitude agressiva? Será que fazer gestos com os dedos não é uma forma de violência? Eu vi tudo isso de perto e comentei que não entendia como uma pessoa que se diz profissional poderia agir daquela forma. Sim, porque se eu fizer metade daquilo no meu ambiente de trabalho eu estaria demitida por justa causa. E ainda me receitariam remédio controlado!

O que aconteceu depois disso foi apenas conseqüência. Não gosto de violência, mas também não gosto de mentiras ou de meias-verdades. Quando a policial tocou no braço dele não foi de forma grosseira. André Luiz, convenhamos, não tinha razões para xingar a tenente. E eu não vi nenhum jogador apanhar da polícia. NENHUM.

Também estão falando que o jogador não poderia ter saído no meio da torcida. Primeiro que isso não é verdade. Tanto que ele saiu sem nenhum arranhão. Ele foi retirado pelo portão de emergência, precisou dar cinco passos até entrar na passarela que já dava acesso a delegacia móvel instalada no estádio. E saiu por lá porque os seguranças do Botafogo, que estavam dentro dos vestiários, ameaçavam entrar em confronto com a polícia. O que teria acontecido se a porta tivesse sido aberta?

Eu nunca aceitei essa história de preconceito contra o povo de Pernambuco, do Nordeste. Sempre achei isso uma teoria da conspiração e, no máximo, uma ignorância muito grande de gente que simplesmente desconhece a realidade. Era como se eu achasse que no Rio de Janeiro SÒ tivesse traficante.

Mas hoje eu amanheci estarrecida com o que li e ouvi da imprensa nacional. Tudo deturpado, cheio de meias-verdades. Eu li até que um cidadão que parece ser o Presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro e que estava na Austrália (!) teria pedido que os jogos de futebol fossem proibidos em Pernambuco! Fala sério, né?

Estou decepcionada com tudo que li e ouvi. Fiz questão de ver os programas de esporte exibidos pela tv aberta e a fechada. Me senti como se vivesse em um outro país. Aprendi em Jornalismo que devemos ouvir as duas partes envolvidas na história. Mas, o que vi foi o Sr. Bebeto de Freitas com espaço ilimitado para falar o que queria, fazer as acusações mais absurdas. No máximo o que vi foram duas sonoras grotescamente editadas. E de edição eu posso falar, pois é o meu trabalho diário.

No final das contas eu reafirmo a minha certeza de que essas pessoas não passam de ignorantes, de gente que sabe muito pouco (pra não dizer que não sabem de NADA). É mais um caso de gente escandalosa que quer esconder seus erros e sua incompetência chamando atenção pro que não importa. É o caso do Sr. Bebeto de Freitas. E, pensando bem, depois de ser desclassificado da Copa do Brasil, perder o técnico, levar uma GOLEADA do Náutico e ainda ter um jogador tão descontrolado e perna de pau quanto o tal do André Luiz, o que mais restaria a ele senão... Espernear? Realmente é uma situação desesperadora. E quem quiser que dê ouvidos a tanta asneira!

Nenhum comentário: