terça-feira, 24 de junho de 2008

Tédio

Assim, sabe, eu estou meio de saco cheio da vida que estou levando. Chego no trabalho, às 8 da manha, invariavelmente com sono. Mas, não é apenas do sono biológico, daquele que a gente precisa para sobreviver. Chego com sono do próprio trabalho, se é que me entendem. Essa semana ao atender mais uma ligaçãosemfim de mais uma pessoaqueachaqueseuproblemaéomaiordomundo pensei “o que estou fazendo da minha vida?”
Sinceramente, eu não investir tanto em estudos, em cultura, em conhecimentos para me limitar a atender telefones e ouvir, na grande maioria das vezes, besteiras. Tô contribuindo muito pouco para um mundo melhor. Sinto-me tão limitada, presa, frustrada...

Depois de uma manhã entediante, saio correndo, almoço correndo e chego, esbaforida, ao Juizado. A tarde passa a passo lentos, eu trancada dentro de uma claustrófobica sala, lendo processos. O máximo de contato com o mundo está no computador, que não uso para acessar a internet.Saio de lá por volta das 8, 8 e meia da noite.

Depois da experiência frustrada (e frustrante) no Juizado Criminal do Cordeiro, eu deixei bem claro para a coordenação dos juizados, dos voluntários, para Deus e mundo (e mais alguém) que eu não tenho condições de estar lá às 13h. Que não posso preterir o emprego que me sustenta ao que apenas me explora. Eu sei que essa minha sinceridade incomoda muita gente, desperta, talvez, a ira e a inveja de pessoas que gostariam de ter a coragem de dizer: “olha, pra mim só dá se for assim, mas fique a vontade para não aceitar, eu só não quero constranger ninguém”.

Mas, não tem jeito. Ontem soube que sou mais famosa do que poderia imaginar. Soube que tem gente que eu nem sonho que existe que anda fazendo comentários ao meu respeito. E eu agora virei “a complicada”. Sou sim, sou porque eu trabalho doze horas praticamente initerruptas, porque eu faço o melhor, porque me esforço 100% até pra atender ligações de pessoasqueachamqueseuproblemaéomaiordomundo e, sobretudo, porque eu jogo limpo e nunca, jamais, em tempo algum puxo o saco de chefe, de juiz, de promotor... Mas, infelizmente, tem muita alma por ai que fez disso sua profissão, que usa o tempo para “cuidar” da vida dos outros e que têm a “sindrome do pequeno poder”.

O máximo que terão de mim é esse texto e eu, confesso, gostaria muitooo que lessem. E que depois fossem cuidar da própria vida. Obrigada.

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