sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Tempo, tempo, tempo...

É preciso cega e pé atrás
olho vivo, faro fino e... tanto faz...
é preciso saber de tudo e esquecer de tudo:
fé cega e pé atrás
tá legal, eu desisto: tudo já foi visto
olhos atentos a qualquer momento: é preciso acreditar
tudo bem, eu acredito: tudo já foi dito
olhos atentos a todo movimento: é preciso duvidar
viver não é preciso e nem sempre faz sentido
é preciso muito mais fé cega e pé atrás
a neblina encobre o Cristo e a lagoa
se ilumina
com edifícios de cabeça pra baixo e refletores do Jockey Club
na outra janela o sol sempre brilha
o risco é calculado: videoguerra, vídeoreinodoscéus
videoguerra, vídeoreinodoscéus
é preciso fé cega e pé atrás
olho vivo, faro fino e... tanto faz...
é preciso saber de tudo e não pensar em nada
fé cega e pé atrás


Realidade Virtual - Engenheiros do havaii

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Choque, surpresa, saudade, angustia... Bastou uma frase para meu jantar se transformar nisso tudo. O Nhoque foi substituído por um choro incontrolável, que veio de algum lugar do fundo da minha alma. De repente um monte de sentimentos veio a tona e me dei conta que o tempo passa muito rápido, passou muito rápido.


Em entrevista ao Jornal Nacional de ontem, Louis Hamilton me lembrou que extamente ontem completou 20 anos do primeiro título mundial de Ayrton Senna. Vinte anos?!? Tem idéia do que são 20 anos?


Eu me lembro, eu vivi intensamente aquele 30 de outubro de 1988. Cada minuto, segundo, cada emoção está gravada na minha mente, no meu coração como se tudo tivesse acontecido... ontem! Mas lá se vão vinte anos...


Mais grave, eu tinha apenas 13 anos, tava no começo da minha vida, cheia, repleta de sonhos, digo até que meu nome era Sonho. Eu queria ser jornalista, “viajar pelo mundo de graça e ainda receber por isso”, cobrir Olimpíadas, Copa do Mundo e, claro, a Fórmula um. Dizia que não me casaria, seria livre para fazer o que me desse na cabeça. Eu lembro que uma vez ouvi de minha cunhada que isso tudo era “ apenas sonho de adolescente”. Senti tanta raiva que nem respondi, mas me prometi que a resposta viria em forma de realizações.


O tempo passou muito rápido. Nesses vinte anos me tornei uma jornalista e também me formei em direito. Desde que acabei a faculdade em 1997 trabalho na área, mas sequer me esforcei ir a uma Olímpiada, Copa do Mundo ou mesmo o GP Brasil como simples torcedora, quanto mais como jornalista.


Ontem tive a incomoda sensação que parei no tempo e o simples fato de escrever isso me dá um frio na alma. Continuei aquela garota de 13 anos cujo ofício era sonhar. Ontem fiquei cara a cara com ela e pude ver em seu no rosto a decepção. Ela me cobrou pesado tudo. Não exatamente a realização específica de tudo aquilo, mas a postura. Disse-me que não conseguia se reconher nessa pessoa acomodada, fraca, sempre preocupada com a opinião dos outros, e principalmente insegura. Me acusou de não ter personalidade e não lutar pelo que acredito. Gritou na minha cara que vinte anos se passaram e que a tornei uma fracassada. De ser Insatisfeita com um emprego medíocre e não ter iniciativa nem coragem para mudar nada. De não impor uma opinião para não causar mal estar. De deixar as coisas como estão para não discutir. De não ter coragem de pegar a bolsa e ir embora de um lugar que a faz mal para não chatear as pessoas. E até de coisas mais simples, como querer fazer um regime e esbarrar na primeira fatia de pizza.


E aí veio a pergunta inevitável: Laura, onde você se escondeu nos últimos 20 anos?

Um comentário:

Unknown disse...

Lala,
faltou vontade? faltou obstinação?? Não sei.
faltou sorte? faltou oportunidade? Talvez!
faltou competência? faltou talento?
Tenho certeza que não.
Sonhos adiados não são sonhos perdidos.
Seu texto me deixou de coração partido. Mas, não me fez lembrar uma frase: o que é seu, tá guardado.
Saudades... de 10, 11 anos atrás. Meu Deus!! O vilão é o tempo.
Vivi